De novo

Novo impasse ameaça obras de esgoto do bairro Camobi

Leandro Belles

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A novela da obra de esgoto em Camobi parece estar cada vez mais longe de terminar. Nesta terça-feira, mais um capítulo surpreendente. A Corsan decidiu romper o contrato com a empresa Sul Cava, responsável pela colocação da tubulação da rede de esgoto no bairro, por causa da paralisação do trabalho. Se confirmada, o trabalho, que está parado há dois meses, voltaria a estaca zero.
 
Mas, por enquanto, o rompimento fica no discurso. Já que o comando local da empresa admite que há chance de o impasse ser revisto, e o contrato, continuado, o que anularia o "rompimento", não consumado legalmente. Apesar disso, há risco de que a obra esperada há 30 anos e avaliada em R$ 36 milhões demore ainda mais para se tornar realidade. Até o momento, cerca de 14% do serviço teria sido concluído.

Com a formalização do ato, a obra teria de ser licitada novamente. O processo exige vários trâmites legais e atrasaria ainda mais a finalização do sistema de esgoto. Além disso, os recentes anúncios do governador José Ivo Sartori (PMDB) em relação ao corte nos gastos poderia prolongar o folhetim que tem o final esperado com ansiedade pelos moradores de Camobi.
- Teria que se fazer um novo estudo. Mas vamos tentar ainda um consenso. Vamos  ver se algo pode ser feito para que as coisas sejam resolvidas - disse o superintendente regional da Corsan, Júlio Espírito Santo.

A empresária Vera Oliveira, 42 anos, moradora do bairro, reclama da demora e da indefinição sobre o serviço.
- Muitas ruas estão cheias de buracos feitos pela empresa. Mas obra que é bom, nem sinal.

Histórico de atrasos

Segundo Júlio Espírito Santo, a decisão pelo rompimento do contrato foi avalizada pela procuradoria jurídica da estatal e foi decidida nos últimos dias. As ameaças da empresa em relação ao caso também não são novas e se repetem desde o fim de 2014.

Conforme o superintendente da Corsan, a construção da rede de esgoto foi paralisada ainda em outubro de 2013. Antes disso, em junho, havia sido embargada pela prefeitura - A empresa parou de trabalhar e queria aditivos financeiros (alteração no contrato prevendo mudanças na obra original e, na maioria dos casos, aumento no valor a ser pago) para continuar - reclamou Júlio.

Questionado sobre a relação entre uma denúncia recente da direção da Sul Cava, de que a Corsan teria escolhido no contrato material mais barato para o serviço (a empresa usaria terra retirada das ruas para a construção da rede, ao invés de areia e brita usadas na construção tradicional), Júlio negou.
- Eles eram sabedores de tudo isso. Quando você assina um contrato, você tem as planilhas de valores. Agora, eles vem com isso de material de baixa qualidade - reclamou.

O "Diário" procurou Dagmar Zanini, um dos sócios da Sul Cava, para falar sobre o assunto, mas ele disse que o caso estava sendo tratado por outro proprietário da empresa. A reportagem ligou cinco vezes para o celular informado, mas as ligações não foram atendidas. Após, o jornal ligou novamente para a sede da empresa e deixou recado, mas não obteve retorno.

Histórico

- A obra foi iniciada em abril de 2013
- No dia 13 de junho de 2013, a obra foi embargada pela prefeitura por problemas causados pela empresa nas ruas do bairro
- No dia 24 de junho, após prefeitura e Sul Cava resolverem o problema, a obra foi retomada
- O serviço foi novamente paralisado no dia 30 de outubro de 2014 pela empresa. Na ocasião, a Sul Cava informou que não retomaria as obras enquanto a Corsan não atendesse ao pedido de liberação de aditivo financeiro
- Em dezembro de 2014, a Corsan anunciou uma multa de R$ 1,45 milhão pela paralisação do trabalho, taxa que não teria sido aplicada na prática pela estatal de saneamento

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